sábado, 4 de julho de 2009

O Quadro.

Ela estava diante dele de olhos fechados, como se de um momento de reflexão se tratasse.
As folhas corriam pelo seu rosto. O seu ar descontraído, mas atento, estava presente no seu
rosto. O som da música era intenso, a noite era longa e ambos tinham feito um compromisso:
observarem-se mutuamente. Quem cede? Não importa.
Ele não tirava o seu olhar dos pequenos e perfeitos lábios, mas sempre cerrados como se
de um embrulho se tratasse. Ela não se sentia incomodada, mantinha sempre os olhos
subtilmente fechados com as suas enormes mas perfeitas pestanas negras. As folhas
continuavam no seu rosto.
Ambos aceitaram a condição que lhes foi oferecida. A dele como observador, condicionado
à sua posição de mortal. A dela, mais penosa, de eterna musa criada na tela por tinta a
óleo.